quarta-feira, 8 de junho de 2011

Os Santos - descrição e classificação






Por
Monsenhor Dimitrios Attarian



A doutrina da Igreja se faz viva na vida dos verdadeiros crentes, os santos. São eles que literalmente compartem a santidade de Deus: “Portanto vós vos santificareis, e sereis santos, porque Eu sou Santo”(Lev.11,44). As vidas dos santos atestam a autenticidade e a verdade do Evangelho Cristão, o presente seguro da santidade de Deus aos homens.
Na Igreja existem diferentes classificações de santos. Ademais dos Santos Padres, que são glorificados específica e especialmente por seus ensinamentos, existe uma tipificação de santos segundo os aspectos particulares de sua santidade.
Assim temos aos Apóstolos, que foram enviados para proclamar a Fé Cristã; os Evangelistas que especificamente anunciaram e escreveram os Santos Evangelhos; os Profetas que são diretamente inspirados para comunicar a Palavra de Deus aos homens. Também temos aos defensores, que sofreram pela Fé; aos Mártires que por ela morreram; aos chamados Santos, que foram monges e monjas; e aos Justos, santos dentre os laicos.
Ademais, os livros dos Ofícios da Igreja mencionam com título a parte, aos santos que pertenciam ao clero, aos que foram governantes ou homens de Estado, e também aos que denominam “Loucos ou Insensatos” por causa de Cristo, ou seja, àqueles santos que testemunharam o Evangelho do Reino dos Céus mediante sua total despreocupação pelas coisas que geralmente as pessoas consideram tão necessárias tais como: roupas, comida, dinheiro, segurança, posição, reputação, etc... Estes santos recebem sua denominação de uma frase do Apóstolo Paulo: “nós somos loucos por amor de Cristo” (1ª Cor.4,10).
Existem muitos escritos sobre a vida dos santos na tradição ortodoxa, as chamadas “hagiografias”. Sua atenta leitura e estudo podem dar muitos frutos espirituais para o descobrimento do significado da Fé e da vida cristã. Nestes relatos se vê claramente a visão cristã de Deus, do homem e do mundo. Como estes livros foram escritos em épocas muito diferentes à nossa, é necessário lê-las cuidadosamente e com muita atenção para poder distinguirem-se os pontos essenciais dos adornos, às vezes imaginários, que freqüentemente foram neles incluídos. Na Idade Media, por exemplo, era costume modelar as vidas dos santos segundo obras literárias anteriores e inclusive adornar as vidas dos santos menos conhecidos para que se assemelhassem aos santos anteriores do mesmo perfil. Era também bastante comum agregar muitos elementos, particularmente acontecimentos sobrenaturais e milagrosos dos mais extraordinários, para confirmar a real santidade do santo, e assim assegurar a aceitação de sua bondade e verdade espiritual, e também para fomentar e nutrir a imitação de suas virtudes na vida dos ouvintes e leitores. Em muitos casos, o milagre era agregado para enfatizar a retidão ética e a inocência do santo em seu encontro com seus detratores.
Geralmente não se necessita muito esforço para distinguir a sólida verdade, na vida dos santos, das adições feitas com espírito de piedade e entusiasmo, em épocas posteriores; más, se for necessário, devemos nos esforçar para encontrar a verdade essencial em suas vidas. No entanto, o fato de que elementos de uma natureza milagrosa foram agregados às vidas dos santos durante a Idade Média por motivo de edificação, não deve levar-nos à conclusão que todo fato milagroso que encontrarmos em suas vidas foi inventado por algum motivo literário ou moralizador.
Novamente, uma leitura estudiosa das vidas dos santos quase sempre revelará o que é autentico e verdadeiro no milagre. Ademais, já dissemos, e com razão, que podemos também aprender muito, tanto sobre o verdadeiro significado do Cristianismo nas lendas dos santos, produzidas dentro da tradição da Igreja, como das mesmas vidas autenticas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário